Haroldo Ferreira assume Presidência Executiva da Abicalçados
Gaúcho de Rolante, no Rio Grande do Sul, Haroldo Ferreira foi convidado a assumir o posto de presidente-executivo da Abicalçados no final do ano passado.

Formado em Administração de Empresas, com pós-graduação em Administração da Produção e MBAs em Liderança e Gestão da Saúde, aos 52 anos de idade Ferreira é casado e pai de dois filhos. O novo dirigente da Abicalçados se mostra com estilo proativo e de proximidade com o quadro de funcionários, algo que herdou de seus mais de 20 anos de atuação na Azaleia – de 1986 até 2008. “A parte de Recursos Humanos na empresa – a qual dirigiu por um bom período -, na época do Seu Nestor (Nestor Herculano de Paula, fundador do Grupo Azaleia e ex-presidente da Abicalçados, falecido prematuramente em 2004), era muito importante. A proximidade com os funcionários era algo muito forte para a diretoria da época”, recorda Ferreira.
Porém, a trajetória do novo dirigente da Abicalçados começou antes do ingresso na Azaleia, mais precisamente em 1983, quando trabalhou na área administrativa e fiscal da Musa Calçados, grande exportadora da época com sede em Sapiranga, interior gaúcho. ““Naquela época, eu com 17 anos, deu se o inicio da minha paixão pelo setor calçadista”, recorda.
Ao assumir a Presidência Executiva do Sindicato das Indústrias de Calçados da Bahia, em 2005, Ferreira iniciou a sua vida de dirigente do setor calçadista. Lá, tinha a missão de trabalhar pelo desenvolvimento de uma Indústria que crescia de forma exponencial, com novos projetos, gerando emprego e renda para o Estado. “Pelo sindicato, inúmeras vezes estive junto com empresários pleiteando melhorias junto ao Governo e suas secretarias, o que me deu bagagem neste sentido”, conta Ferreira.
Sua atuação à frente do sindicato baiano chamou a atenção da Abicalçados. “Entrei para o Conselho Sindical da entidade em 2013, mas já trabalhava como interlocutor do setor para a criação de um anexo específico de calçados na NR 12 (norma de segurança para máquinas) desde 2008. Assim como o engenheiro Eduardo Michellon fazia a interlocução dos fabricantes de máquinas, eu fazia por parte dos calçadistas, com os sindicatos de trabalhadores e Governo. Foi um trabalho difícil, mas que culminou em sucesso e hoje temos uma segurança muito importante para empresários e trabalhadores do setor calçadista”, recorda.
O setor
O novo dirigente da Abicalçados ressalta que o setor calçadista brasileiro encolheu nos últimos anos. “Encolheu, especialmente por culpa da conjuntura econômica nacional e internacional. Hoje temos uma capacidade produtiva muito maior do que de consumo, uma capacidade ociosa de mais de 25%. O grande entrave é justamente a demanda desaquecida em função dos índices de desemprego e inadimplência. Na questão internacional, temos um problema grave de competitividade relacionado ao Custo Brasil, obstáculo que temos esperança de que o governo atual resolva, em boa parte, ainda nesses quatro anos”, avalia.
Para ele, as reformas estruturais são fundamentais para abrir espaço para novos investimentos, gerando desenvolvimento econômico e social para o País. Quanto à Reforma da Previdência – em discussão no Congresso Nacional -, Ferreira aponta que, se aprovada, abrirá caminho para a tão esperada Reforma Tributária, que reduziria parte do Custo Brasil. Segundo ele, mesmo que, em um primeiro momento não seja reduzida a carga tributária, somente a desburocratização e engessamento da atividade empresarial já seria salutar para o setor industrial. “É preciso retomar a segurança jurídica”, frisa. Para o dirigente, o Governo Federal tem caminhado neste sentido, mas ainda de forma tímida. Ele exemplifica com o anúncio das mudanças nas Normas Regulamentadoras, anunciada no final de julho. “Vai mexer em três de 36, mas já é um avanço”, comenta.
Desafios
Ferreira lista que, entre os principais desafios de sua gestão está a representatividade por meio do acompanhamento de pautas importantes como a abertura comercial anunciada pelo Governo Federal, que seria realizada de forma gradual e concomitante com a redução do Custo Brasil. “Se reduzirem 20 pontos percentuais nos impostos para importação – hoje para o setor calçadista isso representaria uma queda da média dos atuais 35% para 15% - e o mesmo for feito no Custo Brasil, será ótimo. Não perderíamos nada no mercado externo e ficaríamos mais competitivos no ambiente doméstico, para o qual comercializamos mais de 85% da produção do setor. Mas para que isso ocorra, de fato, precisamos estar sempre vigilantes”, diz.
Mesmo vendo com “bons olhos” os acordos comerciais bilaterais do Mercosul com a União Europeia e a possibilidade de outro com os Estados Unidos, Ferreira ressalta que é preciso um trabalho de monitoramento para que o setor calçadista não seja prejudicado nas negociações. “Na questão referente ao acordo com o bloco europeu, por exemplo, existia um pleito nosso para que fosse contemplada a regra de origem – que coloca que 60% dos insumos utilizados no calçado devem ser originários do país exportador -, o que foi aceito. O risco era de que fabricantes asiáticos pudessem utilizar algum país europeu como plataforma de exportação sem as tarifas impostas”, explica, ressaltando que o mesmo pleito deve ser levado para uma negociação de livre comércio com os Estados Unidos.
Ainda entre os seus principais desafios, Ferreira coloca que será trabalhada com afinco a questão das substâncias restritas no calçado, por meio do CB-11, grupo que visa criar uma norma neste sentido. “Com isso, ganharemos mercados importantes, especialmente nos Estados Unidos e Europa, que dão muita atenção à questão”, projeta.
Outro desafio, continua Ferreira, é a aproximação com os sindicatos dos polos calçadistas de todo o Brasil, reforçando o associativismo. “Também é preciso continuar e incrementar os projetos de adequação da indústria calçadista aos novos tempos, da chamada quarta revolução industrial, mas de forma a tornar isso mais tangível para o setor, trazendo a questão de forma mais prática e menos teórica”, conclui.
Cadeira
Ferreira assume a cadeira de Heitor Klein, que há mais de 27 anos prestava seus serviços para a Abicalçados, primeiramente como diretor-executivo, assumindo o posto na Presidência Executiva em 2013. Klein segue atuando na entidade como consultor.
Fonte: Imprensa Abicalçados
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